Os robo-advisor têm duas partes importantes principalmente, uma é a jornada do investidor ou interface do usuário, onde ele fica clicando de tela em tela para definir seus objetivos, prazos e receitas, e a outra o motor do robo-advisor, o engine que gera a carteira de investimentos a partir de um universo de ativos.
É como a embalagem e o produto, a embalagem é a jornada do usuário toda atrativa para chamar a atenção, e o produto é o motor do robo-advisor, aquilo que você realmente vai consumir, mas como você sabe, tem bons produtos com embalagens ruins, produtos ruins com embalagens lindas e produtos ótimos com embalagens fantásticas.
Existem outras partes do robo-advisor como cadastro online, automatizar os investimentos, receber alertas, relatório do mercado, relatório dos investimentos, aplicativo no mobile, no site ou chatbot, mas isso já são integrações do robo-advisor. E também tem reequilíbrio da carteira (Track & Balance) que é um plus dentro de um robo-advisor, tema para outro artigo.
Existem instituições com robo-advisor no mercado nacional e internacional que tem uma jornada (embalagem) atrativa e digna de experimentar, graças a uma boa consultoria de UX (User Experience) é possível criar jornadas atraentes, modernas e de confiança, mas também existem muitos robo-advisor com um motor (produto) muito simples, como se você estivesse comprando uma Ferrari por fora, mas com motor de fusca por dentro, e é disso que vamos falar neste artigo: O motor do robo-advisor.
Alguns robo-advisor oferecem poucos ativos (fundos próprios) como universo total do robo-advisor para investir e aí praticamente estão oferecendo apenas um portfólio limitado, outros fazem um questionário (suitability) para definir o grau de risco do investidor e terminam nos famosos 30%-70% ou seja 30 de renda variável e 70 de renda fixa por exemplo, outros utilizam a teoria da carteira e fronteira eficiente de Markowitz (1952), para gerar carteiras, mas até aqui ninguém esta usando um verdadeiro robo-advisor inteligente com algoritmos de metodologias de gestão de carteiras sofisticado, agora vem a melhor parte.
As instituições importantes de investimento como os fundos de investimento e fundos de pensão (previdência) precisam utilizar metodologias de gestão com modelos estatísticos complexos para a gestão das carteiras dos seus fundos e entre essas metodologias esta o LDI e ALM, Liability Driven Investment e Asset and Liabity Management respectivamente, que são modelos para entidades e não para pessoas físicas. Aqui vem a pergunta, como levar essas metodologias que trabalham com ativos, passivos e um único objetivo para as pessoas físicas?
Na conferência anual do instituto CFA também se levantou o ponto sobre gestão do patrimônio baseado em objetivos das pessoas físicas, onde também encontramos outra metodologia chamada de GBI (Goal-Based Investing) ou investimentos baseados em objetivos, mas também é limitado para ser usado em pessoas físicas, porque elas têm mais de um objetivo.
Então o robo-advisor tem que ter um processo interativo, já que os mercados nem sempre fazem o que se espera e os objetivos ou investimentos podem mudar. A jornada e o engine do robo-advisor têm que tomar em conta:
- Identificar os principais objetivos do cliente;
- Identificar horizontes de tempo;
- Identificar fluxos de caixa (resgates e investimentos);
- Identificar o menor custo para cada objetivo;
- Alocar ativos para atingir cada objetivo.
Com estas premissas se percebe que cada carteira sugerida será individual e não um 30-70, ou portfólio único ou igual para um grupo de pessoas com um perfil de risco parecido.
Assim para poder otimizar todas essas metodologias e direcionar para pessoas físicas nasce o PDI, Priority Driven Investing. O PDI (patenteado) ou Investimentos Orientados por Prioridades é o motor otimizador do RoboBanker, ele trabalha com os múltiplos objetivos das pessoas e com as prioridades desses mesmos objetivos, tomando em conta os fluxos de tempo e caixa para resgates e investimentos, mudanças do mercado, mudanças dos objetivos e/ou receitas do investidor, e cria os passivos a partir dos objetivos, pelos resgates e compromissos que o investidor precisa.
Por exemplo, um investidor quer comprar uma casa, um carro, viajar, pagar a faculdade do filho e investir na aposentadoria, cada um tem seu prazo de realização, sua própria prioridade e seus pagamentos mensais, fora a entrada, o investidor pode ter já um patrimônio inicial para investir, o PDI do RoboBanker tem que equacionar todas essas variáveis, analisar as variáveis dos ativos do mercado e sugerir uma carteira para atingir todos esses objetivos, calculando quando precisa resgatar para uma entrada ou pagamento de uma mensalidade, fazer analise diária da carteira e do mercado para confirmar se precisa ou não mudar algo na carteira para atingir os objetivos.
Estamos falando de um planejamento financeiro profissional, uma consultoria digital financeira, por isso é chamado de RoboBanker, por que faz uma consultoria típica de um gerente de private banking, sem que o investidor tenha uma conta prime, nem saber nada de investimentos, nem pagar caro pela consultoria.
O Robo-Banker além de analisar diariamente o mercado e a carteira ele pode reajustar a carteira pelas mudanças do investidor como novos aportes, redução do valor a investir mensalmente, mudanças dos objetivos, permitindo a interação com o investidor, permite também inferência bayesiana, onde o investidor pode inserir suas visões do mercado e calibrar a carteira, ou receber relatórios ou calls do mercado e mudar a carteira.
Finalmente o Robo-Banker não é apenas para o investidor de varejo, a plataforma pode ser usada na área de private banking por gerentes e assessores de investimentos para otimizar sua consultoria para com seus clientes, o que seria uma consultoria híbrida, e por último o Robo-Banker é flexível podendo ser ajustado aos regulamentos do banco central e às políticas de investimentos do fundos de pensão, que já é uma tendência mundial neste momento.
By Irving Chang.